Postalis aprimora governança e busca liquidez para enfrentar déficit, diz ex-presidente
15/03/2016 - 16:08
Venda de carteiras, maior investimento em títulos públicos e rigor na governança estão entre as ações do Postalis, o fundo de pensão dos Correios, para enfrentar o déficit superior a R$ 5 bilhões, acumulado desde 2012.
A estratégia foi detalhada, há pouco, pelo ex-presidente do fundo, Antônio Conquista, que presta depoimento na CPI dos Fundos de Pensão.
A convocação de Conquista partiu de requerimento do presidente do colegiado, deputado Efraim Filho (DEM-PB), diante de informações sobre a escalada no volume dos rombos financeiros em fundos estatais.
Conquista presidiu o Postalis de abril de 2012 até o início deste mês. Ele já havia prestado depoimento à CPI em agosto do ano passado, quando atribuiu o então déficit de R$ 5,6 bilhões do fundo a problemas de origem financeira (R$ 3,4 milhões), dívidas dos Correios com o fundo não assumidas pelo governo (R$ 1 bilhão), redução da taxa de juro atuarial (R$ 653 milhões), além de outros déficits de natureza atuarial (alteração de tábuas biométricas, taxa de rotatividade e taxa de inflação). Na ocasião, acrescentou que tentava reduzir o déficit por meio de termos de ajustamento de conduta (TACs), recursos judiciais e repactuações.
Déficit acumulado de R$ 64,9 bi
Nesta terça-feira, a Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar (Abrapp) informou que o déficit acumulado dos fundos de pensão dobrou em 2015, chegando a R$ 64,9 bilhões. Das 307 entidades do setor, 108 registraram déficit em 2015.
As perdas mais expressivas ocorrem em fundos de estatais, como Postalis, Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal), investigados pela CPI. Na prática, déficit significa que as obrigações de pagamento do fundo são maiores do que seu patrimônio. No caso do Postalis, o déficit acumulado de 2012 a novembro de 2015 chegou a R$ 5,7 bilhões.
Com base em denúncias de beneficiários do fundo, em matérias da imprensa e nas investigações em curso, os deputados da CPI, principalmente da oposição, atribuem o prejuízo a má gestão, investimentos de risco e "aparelhamento" da direção do fundo pelo Partido dos Trabalhadores.
Apesar de já não mais estar à frente do Postalis, Antônio Conquista garantiu que a governança do fundo foi aprimorada, obrigando-se, por exemplo, que todos os investimentos passem pela análise da diretoria executiva – e não apenas pela diretoria financeira, como ocorria antes. Também destacou o maior aporte de investimentos em títulos públicos. “Estamos olhando para o futuro e colocando um colchão de liquidez para o fundo”, disse.
A audiência pública ocorre no plenário 1, onde beneficiários do Postalis protestam com cartazes em que se lê “Brasil SOS Correios – Corrupção Não”.
Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Newton Araújo