Política e Administração Pública

Novo líder do Psol quer combater pautas retrógradas na Câmara

Propostas como a recriação da CPMF e da DRU devem sofrer oposição do partido, que também é contra qualquer reforma da Previdência

19/02/2016 - 09:45  

Arquivo/ Leonardo Prado
Ivan Valente
Ivan Valente: "O povo brasileiro não pode pagar a conta da crise. Apoiaremos todas as medidas para reduzir o lucro dos bancos."

O deputado Ivan Valente (SP), que assume a liderança do Psol no lugar do deputado Chico Alencar (RJ), disse que uma das principais bandeiras do seu partido neste ano será a derrubada do veto à auditoria da dívida pública, que havia sido aprovada no Orçamento de 2016 e tem sido uma das suas prioridades como parlamentar.

Ele também quer dar prioridade à taxação de grandes fortunas e combater a recriação da CPMF, que considera um imposto ruim. Engenheiro e professor da rede pública, Ivan Valente é deputado desde 1995 e foi um dos fundadores do Psol, partido que nasceu de uma dissidência do PT em 2005.

A Agência Câmara está publicando entrevistas com todos os líderes de bancadas escolhidos ou reconduzidos neste ano.

Qual deverá ser a prioridade da bancada do Psol na Câmara dos Deputados em 2016?
A primeira prioridade do Psol é derrubar o senhor Eduardo Cunha da presidência da Câmara e de seu mandato, porque ele é a pessoa que está manchando, turvando, manipulando o Congresso Nacional, causando uma profunda indignação popular, pela corrupção praticada, pela impunidade e capacidade de manipulação.

Também vamos lutar contra todos os retrocessos dos direitos civis, como Estatuto do Desarmamento, Estatuto da Família, redução da maioridade penal; todas essas pautas retrógradas patrocinadas por Eduardo Cunha, como é a PEC 215/00 contra os indígenas.

E quanto a uma pauta de votações?
Nós entendemos que o povo brasileiro não deve pagar a conta da crise. Nós apoiaremos todas as medidas que visem a reduzir o lucro dos bancos, taxar as grandes fortunas, taxar as grandes heranças, cobrar a dívida ativa da União, os caloteiros da União.

Queremos fazer a auditoria da dívida pública, que a presidente Dilma vetou no Orçamento deste ano — uma das principais bandeiras do Psol será a derrubada desse veto no Congresso Nacional.

O seu partido será contra a reforma da Previdência?
A reforma da Previdência que a Dilma quer fazer merecerá oposição frontal do Psol. O Psol será contrário a qualquer reforma da Previdência, porque aqui no Brasil, para pagar os banqueiros, para pagar juros da dívida pública, se faz reforma da Previdência de dois em dois anos. Em qualquer país que precise refazer as regras da Previdência, elas duram 40 anos, é um cálculo atuarial. Aqui, o povo paga a conta do lucro dos banqueiros nacionais e internacionais.

Não devemos assumir nenhum tipo de mudança, porque no Brasil as pessoas começam a trabalhar cedo, às vezes com 15 anos; não é uma Europa, onde todos se formam e começam a trabalhar aos 25 anos. Aí, pode-se falar em alguma mobilidade, ou em se aposentar mais tarde, mas os brasileiros vão ter de trabalhar 50 anos? É muito tempo de contribuição.

Além disso, aqui no nosso País o orçamento da Seguridade Social é superavitário. O que se cobra de PIS, Cofins, CSLL, de todos esses impostos, forma o orçamento da Seguridade — Saúde, Previdência e Assistência Social —, que é superavitário. O que os seguros e os bancos querem é que cada trabalhador pague mais e se aposente mais tarde.

E quanto à recriação da CPMF?
Somos contra impostos que recaem em cascata, como é a CPMF. O Psol votará contra a volta da CPMF, porque é um mau imposto. Nós somos a favor da taxação de grandes fortunas, para que os ricos paguem a conta da crise.

Qual é a posição do Psol em relação à proposta do governo de prorrogar a DRU?
A Desvinculação de Receitas da União é uma manobra política para dar mais autonomia ao Poder Executivo. A experiência que nós temos da DRU foi de que tentaram tirar as verbas da Educação e de Saúde da DRU, e por quê? Porque, no fundo, acaba havendo cortes de gastos com serviços públicos prioritários e essenciais para a população — e não o corte nos juros, o corte na dívida pública. Ou seja, a DRU tem servido para o governo prestar contas ao capital financeiro internacional e nacional.

Reportagem – Marcello Larcher
Edição – João Pitella Junior

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.