Política e Administração Pública

Investimentos da Petros não atenderam aos interesses dos beneficiários, diz conselheiro

12/11/2015 - 11:24  

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Sérgio Salgado, ex-suplente do conselho fiscal da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), detalhou há pouco, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, dois casos que considera emblemáticos de irregularidades envolvendo compra de ações pela Petros: as negociações relativas à Itaúsa (holding controladora de diversos empreendimentos) e à Lupatech (empresa com negócios no setor de petróleo e gás).

Em 2010, a Petros pagou R$ 3 bilhões por ações da Itaúsa, depois de vender outros títulos. Comparando o rendimento dos títulos vendidos pela Petros entre 2011 e 2014 com os dividendos pagos pelas ações da Itaúsa, o prejuízo foi de R$ 478 milhões para a Petros. A maior parte das ações foi comprada da Camargo Corrêa.

Salgado informou que a negociação desses papéis da Itaúsa embutiu ágio "injustificável" de quase 12% sobre o valor da ação, vendida a R$ 13,39 e comprada a R$ 14,48. Hoje, essas ações valem metade do que na época da compra.

De acordo com Salgado, o comitê de investimentos da Petros não foi chamado para avaliar o negócio. Ele sugeriu que a CPI convoque os fiscais da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) responsáveis por investigar a negociação das ações da Itaúsa, já que o único punido até agora foi um diretor que assumiu a presidência da Petros no dia seguinte à operação.

Lupatech
A Petros começou a comprar ações da Lupatech em 2007, quando as ações estavam em queda, segundo o ex-conselheiro. "A Petros comprou e nunca obteve qualquer dividendo com essas ações", informou Sérgio Salgado à CPI, acusando diretores da Petros de não considerarem o interesse dos beneficiários do fundo.

"Agiram atendendo a interesses que desconhecemos. São negócios que não se focam no resultado para pagamento de benefícios ", lamentou Salgado.

O relator da CPI, deputado Sergio Souza (PMDB-PR), avalia, no entanto, que faltam provas das denúncias de Salgado. "Não sabemos se o prejuízo é resultado de mercado ou se realmente foi intencional", disse.

O sub-relator de Investimentos da CPI, deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), considerou o modelo da operação exótico. "A Itaúsa em si é um bom investimento. O problema foi comprar ações que não davam direito a assento no conselho, que eram de posse da Camargo Corrêa e ainda superfaturadas", observou Pestana.

A reunião acontece no Plenário 5.

Mais informações a seguir.

Reportagem – Georgia Moraes
Edição – João Pitella Junior

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