Política e Administração Pública

Ex-diretor da Postalis afirma que decisões do fundo foram técnicas

03/11/2015 - 18:32  

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O ex-diretor Financeiro do Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis) Adilson Florêncio da Costa, afirmou agora há pouco que todos os investimentos do fundo foram técnicos e negou interferência política nas decisões. Ele depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga os fundos de pensão.

Um dos investimentos da Postalis questionado pelos parlamentares diz respeito ao Grupo Galileo Educacional. Costa era diretor do fundo quando a Postalis investiu, em 2011, R$ 81,4 milhões por meio de debêntures no grupo, criado para assumir o controle da Universidade Gama Filho.

A instituição foi descredenciada em janeiro de 2014 pelo Ministério da Educação. Menos de dois anos depois da operação, Costa chegou a integrar a diretoria do Grupo Galileo Educacional. Reportagem da revista Isto é afirma que inquérito da Polícia Federal denuncia que a operação foi feita sem nenhum critério técnico, pois se tratava de uma decisão temerária.

“Foi um investimento feito pelo Postalis que seguiu todos os procedimentos na política de investimento como análise técnica, análise de crédito e a devida avaliação jurídica da operação”, afirmou Adilson Costa. Ele explicou que a operação foi proposta pelo Banco Mercantil, conduzido pelo presidente do Grupo Galileo, Márcio André, e afirmou que já havia o interesse do fundo de investimento na área de educação.

“Antes do descredenciamento, a Gama Filho cumpriu com todas suas obrigações como pagamento de juros e amortizações e foram resgatados R$ 45 milhões. Os outros R$ 35 milhões, acredito, deve existir um processo judicial”, afirmou Costa

O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) afirmou que vários outros investimentos da Postalis foram equivocados, como o Banco Santos, BDA, Canabrava, Fidex, além do próprio grupo Galileu. Costa afirmou que todos os investimentos foram técnicos e que não houve influência política nas decisões dos gestores.

Mais controle
Segundo Adilson Costa, nos últimos 15 anos houve um controle maior dos fundos de pensão em razão de uma legislação mais rigorosa e afirmou que as decisões são tomadas de forma colegiada, e não isolada.

O ex-diretor afirmou que considera ter feito uma boa gestão à frente do fundo. “Com todas as dificuldades, fizemos tudo o que foi possível”, disse. Ele confirmou que responde a 24 autos de infração na Previc, mas que não significa ser um mau gestor. “Boa parte desses processos não diziam respeito a investimentos”.

Ele confirmou que há um déficit acumulado da Postalis de aproximadamente R$ 5,6 bilhões, mas que não é necessariamente originário do setor de investimentos. “Sobre o déficit, há um problema estrutural grave que vem de muitos anos. Parte é da estrutura do plano, que precisa ser corrigido”, explicou. Adilson Florêncio Costa acredita que parte dos investimentos feitos pela Postalis vai ser recuperado.

Costa afirmou que não lembra dos prejuízos que sua gestão causou aos fundos e foi criticado pelo relator, deputado Sergio Souza (PMDB-PR). “O senhor lembra de informações de 1986 e não se lembra de fatos de quatro anos atrás?”, questionou o parlamentar. Ele também confirmou que sua esposa foi sócia de uma empresa, mas afirmou que não se lembrava do nome da instituição.

Previc
O ex-dirigente da Postalis também criticou a atuação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), autarquia do Ministério da Previdência Social, responsável por fiscalizar os fundos de pensão. “Contestamos as autuações, mas fomos penalizados. Isso é estranho. Pedimos uma avaliação para saber se houve prejuízos para a Postalis, e a Previc se recusou (a oferecer essa avaliação)”, disse. Costa afirmou que há diferença de tratamento do órgão para com a Postalis e outras fundações.

Mansão
O ex-diretor confirmou ter comprado imóvel no valor de R$ 1,1 milhão, no Lago Sul, área nobre de Brasília, do ex-presidente da Postalis, Alexei Predtechensky e que mantém amizade com ele. “Foi dentro dos valores de mercado”. Ele também afirmou que não se recorda a forma como foi feito o pagamento se em cheque ou depósito bancário.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) rebateu e disse que o valor de um imóvel na região é de cerca de R$ 8 milhões. “É um caso a ser investigado”, cobrou Bueno.

A CPI está reunida no Plenário 3.

Mais informações a seguir.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Mônica Thaty

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