A importância do Turismólogo é objeto de Mesa Redonda na CTur

A Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados e a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal realizaram conjuntamente na quarta-feira, 21 de maio, uma mesa redonda para discutir a importância do trabalho do turismólogo para o desenvolvimento do turismo no Brasil.
22/05/2014 10h08

Antônio Araújo

A importância do Turismólogo é objeto de Mesa Redonda na CTur

Mesa Redonda na CTur

A reunião foi conduzida inicialmente pelo deputado Alexandre Toledo (PSB/AL), membro da Comissão de Turismo, e em seguida pelo presidente, deputado Renato Molling (PP/RS). Foram convidados para o evento, realizado a partir de requerimentos do deputado Valadares Filho (PSB/SE) e do senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE): Elzário Pereira Júnior, presidente da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo (ABBTUR); Jun Alex Yamamoto, diretor de programa do Ministério do Turismo; Kelly Lima Teixeira, assessora técnica da diretoria de Educação Profissional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e Tânia Omena, presidente do Fórum Nacional dos Cursos Superiores de Turismo e Hotelaria (seccional do Rio de Janeiro). O senador Inácio Arruda, Vice-Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal, também esteve presente. 

O primeiro a falar foi Elzário Pereira Júnior, que fez uma defesa apaixonada da profissão de Turismólogo, explicando que é necessário diferenciar o Bacharel em Turismo – título acadêmico pertencente ao egresso do curso de Bacharelado em Turismo – do Turismólogo, denominação profissional dos graduados em nível superior em turismo, hotelaria, gastronomia e eventos, no Brasil ou no exterior, com diploma reconhecido pelo MEC. Ele apresentou com veemência seus argumentos pela legalização/regulamentação da profissão, chamando atenção para as diversas tarefas que cabem ao turismólogo no Brasil de hoje. 

Em seguida, a turismóloga Tânia Omena fez um histórico da formação dos profissionais da área e apresentou questões relacionadas à retenção dos profissionais na área, com sua verdadeira utilização. Ela também questionou a construção de verdadeiros planos de capacitação para que os profissionais contribuam com a cadeia produtiva do turismo, além de perguntar como os bacharéis em turismo podem contribuir com o desenvolvimento do Brasil, em suas regiões e municípios.  Segundo ela, os muitos desafios a serem alcançads pela educação superior em turismo e áreas afins no país, observando-se principalmente a qualidade e consequentemente a sustentabilidade do setor de turismo ao longo do tempo, poderiam considerar como ponto de partida a revisão, o estabelecimento, a divulgação e a aplicação de uma sólida política de gestão de pessoas para o turismo no Brasil, numa gestão integrada entre poder público, privado e comunidade, avançando nos procedimentos políticos, institucionais e normativos, considerando um planejamento estratégico para o setor, face aos contextos e paradigmas que se configuram e se modificam rapidamente. 

Omena ainda criticou o Ministério da Educação, que a seu ver ainda não ocupou seu assento no Conselho Nacional de Turismo. “Isso é muito sério”, disse ela, quando se tem o Pronatec abrindo um sem-número de vagas e não realiza estudos para determinar o que se deve estudar, quais as áreas necessitam de estímulo, resultando em dinheiro jogado fora. “O Pronatec não profissionaliza. Faz de conta! Não é possível formar uma pessoa com 30, 60, 100 horas. Nossos cursos têm 3 mil horas!”, enfatizou Omena, que completou: “Eu não sei se é o ovo ou se é a galinha, mas a educação é o primeiro ponto. Isso é que falha. O MEC não chega a nós – no municipal, no estadual nem no nacional – para responder às suas responsabilidades.” 

“Vocês sabem de uma coisa interessante?”, perguntou Tânia Omena. “Os cursos de Medicina estão incluindo nas suas disciplinas a Saúde do Viajante. Vocês perceberam que a OMS alertou para a poliomielite que deu em cinco países e tem fluxo de viajantes desses países para a Copa? Estamos em alerta com pólio!”, disse Omena, que completou: “Nos negar a regulamentação da profissão de turismólogo dizendo que a nossa profissão não mexe com a segurança, saúde e vida, com o respeito ao meio ambiente e à sociedade local?"

Kelly Lima Teixeira falou em seguida, representando o sistema CNC-Sesc-Senac. Ela falou sobre os cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pelo Senac e lembrou que há 68 anos o Senac vem trabalhando para o aperfeiçoamento do setor e insistiu na formação de profissionais plenamente habilitados para o comércio de bens, serviços e turismo. Dentro desse contexto, entra a figura do Turismólogo, um profissional de curso superior, capaz de presidir, gerar, prestar assessoria, entre outras atividades. 

Jun Alex Yamamoto foi o último orador. Segundo ele, seu cargo é semelhante a uma gestão estratégica, e para isso “há algumas ferramentas importantes, como o Plano Nacional de Turismo, o plano setorial 2013-16,  o PPA, onde fazemos execução e monitoramento desse planejamento de governo, e temos também o nosso planejamento estratégico 2012-15, onde nós damos toda a estratégia do Ministério pensando em cenários futuros, especialmente para depois desses grandes eventos.” 

O deputado Renato Molling, presidente da CTur, considerou essa mesa redonda “de extrema importância” e afirmou que há espaço para aperfeiçoamento no Pronatec: “Hoje não existe mais espaço para o mais ou menos. É preciso ser bom, senão outro chega e toma o espaço.”  Molling ainda observou que o que falta no Brasil é foco e depende de planejamento para que uma política de incentivo ao turismo seja bem sucedida. Ele deu como exemplo o fato de só a Disneyworld receber 160 milhões de visitantes por ano, enquanto o Brasil inteiro recebe apenas 6 milhões de visitantes. Os números, é claro, falam por si só.

(Claudio Lessa / Assessoria de Imprensa da CTur)