Naturólogos pedem reconhecimento profissional para trabalhar no SUS

Ministério da Saúde é contrário à medida e justifica que naturologia seria uma nova atuação da área da saúde, não uma nova profissão.
03/09/2015 14h30

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Naturólogos pedem reconhecimento profissional para trabalhar no SUS

Baseados em uma vivência de saúde integrada, naturólogos querem ser reconhecidos como profissionais de saúde para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS). O pedido foi reforçado na audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) desta quinta-feira (3), com representantes do Ministério da Saúde (MS) e do Conselho Nacional de Saúde.

A naturologia se baseia em um conjunto de diferentes sistemas terapêuticos – entre eles as terapias tradicionais chinesa, ayurvedicas, xamânica e antroposófica – com o objetivo de buscar um olhar ampliado e abordar muitos aspectos que envolvem a tríade vida-saúde-doença. Existem duas instituições de ensino superior com graduação em naturologia, no entanto, não  há formação na rede pública. “Queremos desenvolver a naturologia como reconhecimento profissional para que se tenha um maior acesso democrático às práticas [complementares à medicina convencional] de uma forma segura para a população”, explicou o naturólogo Fernando Hellmann. Tais profissionais têm como bandeiras a “desmedicalização” social  e a inserção dos graduados nos Programas de Saúde da Família (PSF).

O MS já expediu pareceres contrários à iniciativa e se mune de critérios para isso. Para a Pasta, os naturólogos pensam em uma nova forma de atuação, não de profissão, e ainda não há um número de cursos consolidados no país para garantir uma cobertura nacional. Além destas questões, uma se destaca: antes da implantação de um novo mercado de profissionais, seria necessária uma integração multidisciplinar do cenário já atuante no SUS. “É o caminho que o Ministério da Saúde tem feito por meio das Práticas Integrativas Complementares”, declarou o secretário de Gestão de Trabalho e Educação em Saúde do MS, Heider Aurélio Pinto.


Práticas Integrativas Complementares

As Práticas Integrativas Complementares (PIC) englobam uma política de sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos também denominados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA). Tanto a homeopatia quanto as plantas medicinais e fitoterápicas, a medicina tradicional chinesa/acupuntura, a medicina antroposófica e o termalismo social-crenoterapia foram institucionalizados no SUS.

O deputado Adelmo Leão (PT-MG), que presidiu a mesa, pediu para que o MS reconsiderasse o pedido de regulamentação da atuação dos naturólogos não apenas como uma especialização da área de saúde, mas sim como uma profissão. "Não se trata de uma nova especialidade, o que foi colocado aqui com muita clareza. É uma visão muito mais holística, muito mais universal, que cabe dentro de um procedimento de cuidar das pessoas, e de bem cuidar das pessoas", disse o deputado. 

Além da análise técnica, os critérios para reconhecer uma profissão devem estar voltados às necessidades reais dos pacientes. Somente assim para fortalecer o SUS. A opinião foi da conselheira nacional de Saúde, Maria Arindelita. “Isso é importante para que o reconhecimento de uma nova profissão não seja somente reserva de mercado. Não pode ter qualquer fato segregador”, enfatizou a conselheira.  A audiência contou também com a presença do naturólogo Daniel Maurício Rodrigues. O evento foi requerido pelo deputado Odorico Monteiro (PT-CE) e foi subscrito por diversos parlamentares.