Especialistas divergem sobre os rumos da Política Externa

Brasília – Os especialistas convidados para o Seminário "Os Rumos da Política Externa Brasileira", realizado pela CREDN nesta quarta-feira, 10, divergiram quanto aos caminhos e desafios enfrentados pelo país na condução da sua política exterior. Enquanto o sociólogo Demétrio Magnoli taxou a política externa de ideológica e partidarizada, o chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, defendeu o papel desempenhado pelo Brasil nas relações com o Irã, no diálogo entre oposição e governo na Venezuela, e em relação aos conflitos no Oriente Médio.
10/12/2014 16h10

Foto: Marcelo Rech

Especialistas divergem sobre os rumos da Política Externa

Seminário da CREDN aprofunda o debate acerca dos rumos e desafios da política externa

O evento foi realizado por iniciativa do presidente da CREDN, Eduardo Barbosa (PSDB-MG), para quem "o Congresso tem papel cada vez mais importante no debate e na influência da nossa estratégia internacional. Não se trata aqui de submetê-la a influências doutrinárias ou injunções partidárias. Mas, se a política externa é a outra face da política nacional, o Parlamento tem a obrigação de ajudar a interpretar o que venha a ser de fato o interesse nacional".

Na avaliação de Magnoli, "a partidarização da política externa no Brasil explica a substituição do interesse nacional pela ideologia e tem um efeito de erosão moral", afirmou. Ele criticou ainda a opção do país pelo Mercosul que não consegue avançar em seu acordo com a União Europeia. Garcia, por sua vez, explicou que o bloco já tem uma proposta pronta para fazer aos europeus, mas que eles ainda não chegaram a um consenso para apresentar.

Demetrio Magnoli também criticou a postura do Brasil em relação aos direitos humanos citando que o país foi duro com Israel e leniente com o Hamas, no mais recente conflito naquela região. "É um pouco irritante que venha a se confundir a condenação aos ataques unilaterais no Oriente Médio a uma proposta de diálogo com os terroristas. Ficou claro nos discursos da presidente que havia um repúdio claro ao terrorismo, mas que as potências realizassem um diálogo entre si para ver o melhor encaminhamento da questão", afirmou Garcia.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Embaixador Luiz Felipe Lampreia, destacou que o Mercosul não guarda nenhuma relação com o projeto do qual participou nos anos 90 e que o bloco hoje não passa de uma frente antiamericanista. "Além disso, o Itamaraty está sendo depenado, perdendo suas funções inclusive na cooperação internacional, vivendo um processo de esvaziamento e sendo enxovalhado", enfatizou. Lampreia revelou que 347 diplomatas escreveram a respeito ao atual chanceler. "Como ministro, nunca recebi carta de ninguém reclamando da instituição", garantiu.

 

Os desafios

Para os embaixadores Samuel Pinheiro Guimarães e José Botafogo Gonçalves, e o empresário Roberto Teixeira da Costa, do Conselho de Administração da SulAmérica SA e BNDESPAR, os desafios para o Brasil estão no relançamento das relações com os Estados Unidos, na centralização da Política Externa no Itamaraty e na integração industrial que contemple as questões energéticas.

 

 

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