Afastamento de Dilma tem resultado perverso, conclui Audiência Pública

Em todas as falas da Audiência Pública Os desafios da construção da democracia no Brasil, “o afastamento da presidenta Dilma foi considerado golpe e as consequências estão sendo perversas”, na opinião do presidente da Comissão de Legislação Participativa, Chico Lopes (PCdoB-CE), que promoveu o evento, na quarta-feira, 15, na Câmara Federal.
15/06/2016 17h55

Richard Silva/ PCdoB na Câmara

Afastamento de Dilma tem resultado perverso, conclui Audiência Pública

Audiência Pública 15_6_16

Um dos requerentes da Audiência, o deputado Luiz Couto (PT/PB), afirmou que “precisamos fortalecer nossa frágil democracia. O objetivo desta Audiência Pública é ouvir a população organizada, porque, afinal, é do povo que deve emanar o poder”.

Ricardo Gebrim, representante da Frente Brasil Popular, considerou que “a luta pela democracia é definidora no nosso processo histórico. Em 1964, as elites se valeram das Forças Armadas para o golpe; hoje, recorrem à Polícia Federal, ao Ministério Público e alguns juízes federais. Mas é possível barrá-lo. Nós vamos derrotá-lo e construir um projeto popular para o Brasil”.

João Paulo Rodrigues, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, lembrou que, no país, “os períodos democráticos são curtos, sempre interrompidos quando as conquistas sociais começam a avançar”. Ele afirmou que o MST defende reformas estruturais, a discussão do papel do Estado e da soberania nacional, numa Constituinte exclusiva. “Por isso, o MST está empenhado na defesa do mandato da presidenta Dilma até o fim de seu mandato”, afirmou.

Ayrton Fausto, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz/ Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, considerou que o país “tem obstáculos e carências. Nossa sociedade civil é incipiente. Boa parte dos avanços consagrados na Constituição de 1988 permanece sem regulamentação. Há uma corrupção onipresente na sociedade brasileira, e o grande obstáculo para a construção da democracia entre nós é a extrema desigualdade social”.

Outro requerente da Audiência, o deputado Glauber Braga (PSOL/RJ), denunciou que “a direita mais dura não quer negociação, quer impor seu projeto. Hoje o governo golpista anunciou um teto nos gastos em relação à educação, que requer uma enérgica resposta do movimento social organizado. A medida dos golpistas vai subtrair toda uma geração do acesso à educação”.

Marcelo Lavenère, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), considerou o processo de impeachment “um ataque solerte, covarde, mentiroso ao mandato da presidenta Dilma. Um ataque que não atinge somente a presidenta e seus apoiadores, mas tem por alvo a própria soberania nacional”.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) considerou “simbiótica a relação entre a democracia e os direitos, pois os direitos carregam a democracia por todo o país. Por isso, a primeira prática dos que quebram a democracia é a retirada de direitos – e é o que o governo golpista está fazendo. Nosso desafio é o contrário: é ampliar os direitos, para aprofundar a democracia”.

Para o deputado João Daniel (PT/SE), “vivemos um momento em que as elites brasileiras se aliaram às elites internacionais para dar um golpe. Estamos vendo, a cada dia, retirada de conquistas duramente alcançadas pelo movimento social”.

O vice-presidente da Comissão, Ronaldo Lessa (PDT/AL), presidiu a reunião durante os períodos em que o deputado Chico Lopes teve que ir ao Plenário para votação nomial. Representantes do movimento popular presentes também usaram da palavra para criticar o movimento pelo impeachment.