Mesa-redonda discute situação do saneamento no Brasil

A Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) realizou uma mesa-redonda nesta terça-feira, 23, para discutir a situação do saneamento básico frente ao quadro atual do país. Foram tratados temas como desburocratização de financiamento para obras no setor, trocas de concessionárias, processo de privatização de serviços, além da questão ambiental.
23/08/2016 19h20

Rosa School

Mesa-redonda discute situação do saneamento no Brasil

Parlamentares discutem aperfeiçoamento na legislação

Visando o aperfeiçoamento da legislação ligada ao saneamento básico, a reunião contou com a participação de parlamentares, representantes dos setores público e privado e gestores na área. O presidente da CDU, deputado Jaime Martins (PSD-MG) pretende fazer ainda audiências públicas e seminários para discutir o tema de forma mais ampla e para dar oportunidade às empresas de levarem demandas para serem debatidas na Comissão em prol do avanço do saneamento no Brasil.

Jaime Martins destacou a importância de se discutir, por exemplo, a falta de recursos para a universalização do saneamento básico sobretudo nos menores municípios e nas regiões mais distantes das grandes cidades. O parlamentar falou também do processo de privatização no setor. “No saneamento as concessões são municipais e o que nós temos assistido é que nas melhores cidades, onde as concessões são lucrativas, a iniciativa privada tem buscado participar de maneira mais efetiva”. A intenção de Jaime Martins é trabalhar para que sejam elaboradas regras claras, leis claras que estabeleçam, segundo ele, inclusive, a remuneração dos ativos das concessionárias. O presidente da CDU pretende com a discussão buscar junto “às concessionárias e junto à associação das Concessionárias o apoio necessário para a elaboração legislativa que possa resultar em um projeto de lei que estabeleça esses critérios com mais clareza”. Ainda na pauta o deputado pretende debater formas de buscar recursos junto à iniciativa privada que possam auxiliar na universalização desses ativos.

O deputado João Paulo Papa (PSDB-SP), presidente da Subcomissão de Saneamento, ressaltou que a Comissão quer criar um ambiente proativo para buscar caminhos para o alcance efetivo das metas de universalização dos sistemas de saneamento. Papa lembrou que no ano passado a Comissão trabalhou, ouvindo todos os segmentos, dentre elas, a AESB (Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento) que reúne 25 companhias de saneamento responsáveis pelo atendimento de cerca de 80% da população brasileira. O resultado desse trabalho, de acordo com o parlamentar, foi a elaboração de um documento com 20 recomendações como ajustes na legislação, além de outras direcionadas ao Poder Executivo. O deputado Papa defendeu a discussão também em torno da necessidade de uma legislação que defina, por exemplo, a gestão compartilhada do saneamento nas Regiões Metropolitanas. Além deste fato, ele citou como alarmante a carência de recursos e a redução significativa do orçamento diante da grandeza do desafio de universalização dos sistemas de saneamento, prevista na legislação para 2033. “Mas nós imaginamos que nem em 2060 teremos o país chegando a esta meta de universalização tão importante para a saúde, para a qualidade de vida, para o meio ambiente e até para o desenvolvimento econômico”.  

- Do ponto de vista do financiamento público a fonte está obviamente esgotada e este é um tema que nos move, afirmou Papa acrescentando que o setor de saneamento tem que continuar a lutar para encontrar condições mais favorável para que as empresas de saneamento possam seguir investindo. “A sociedade está cada vez mais preocupada com o tema”, afirmou.

O presidente da AESB, Roberto Tavares, pretende encaminhar à Comissão até o final de setembro as prioridades do setor. Ele disse que pretende fazer reuniões para saber, por exemplo, o que deve aperfeiçoado na legislação do setor e na questão ambiental

Mounir Chaowiche, presidente da Companhia de Saneamento do Paraná, acredita que o Congresso Nacional é o local ideal para se criar uma política de saneamento. Com relação à parte legislativa, ele defende a discussão da titularidade das concessões, da revisão de subsídios e da questão do orçamento cruzado. “Temos que mobilizar o Congresso para mostrar que o orçamento é prioridade”, considerou.

O diretor de Gestão Corporativa da COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Francisco Eduardo Cançado, ressaltou como desafios do setor a dificuldade de investimento, a insegurança em relação ao Poder Concedente e a dificuldade de gestão. “O saneamento ao longo de décadas ficou em segundo plano e a união do setor é importante para resolver estes problemas”, afirmou.

Para o Manuelito Pereira, diretor da Sabesp, a questão da titularidade e da regulação do setor são pontos importantes a serem enfrentados. “Estamos 20 anos atrasados”. Para ele, a drenagem dos recursos para o setor também merece ser discutida de forma que uma maior parte da receita passe a ser aplicada no setor. Manuelito destacou ainda a questão ambiental que envolve o setor. “Temos que mostrar que nós tratamos o esgoto para a sociedade, o saneamento não é poluidor”.

  Assessoria de imprensa: Rosa School