Ministério acolhe denúncia e vai pedir investigação sobre a saúde de trabalhadores de empresa

Representante do Ministério da Saúde afirma que órgão vai solicitar investigação epidemiológica sobre a denúncia de que pelo menos um funcionário da empresa GEA do Brasil, situada na cidade de Franco da Rocha (SP) teria tido sua saúde gravemente afetada pela irradiação e contaminação por elementos minerais no trabalho. Também preocupa a condição do solo em que se situa a companhia, porque uma eventual contaminação de poços artesianos pode ter afetado ou vir a afetar a saúde de moradores vizinhos. Na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias desta quinta-feira (20), em que a denúncia foi apresentada, a empresa elencou ampla defesa informando ter realizado investimentos e obtido laudos sanitários e ambientais que negam radiação excessiva ou riscos de contaminação.
20/11/2014 14h40

Patricia Soransso

Ministério acolhe denúncia e vai pedir investigação sobre a saúde de trabalhadores de empresa

Audiência debateu possível contaminação radioativa e química

De acordo com o denunciante Paulo da Costa Xavier, engenheiro e ex-funcionário, que tenta provar na Justiça ter sido vítima de falta de cuidados de segurança da empresa GEA, a perspectiva atual da empresa na área ambiental e funcional não invalida a atuação passada que pode ter afetado ou colocado em risco a saúde dos trabalhadores e de residentes nas cercanias da empresa.

Paulo Xavier informou ter a saúde abalada e acusou a empresa de cometer crimes contra a saúde de seus próprios funcionários, pela exposição à radioatividade e por utilização de água contaminada de alguns poços artesianos que abastece o estabelecimento, onde foi comprovada a existência de substâncias (tetracloreteno) e minerais (ferro e manganês) em concentrações prejudiciais ao fígado e ao cérebro humano. 

O denunciante apresentou à Comissão laudos que atestam as condições de risco. Levou à audiência o médico que acompanha a evolução de seu quadro clínico e também a herdeira de um sítio vizinho à empresa, Ana Oliveira, que vive na propriedade.

O médico Francisco D’Abronzo relatou o risco da perda funcional do fígado do ex-funcionário, mas não confirmou que as complicações funcionais do órgão sejam consequência de contaminação por agentes químicos. Ana relatou à Comissão uma série de problemas de saúde de moradores e funcionários da propriedade, que considerou “estranhos”, como abortos e excessiva queda de cabelos.

Os representantes da empresa apresentaram defesa. Informaram que foram realizados amplos investimentos de segurança pela empresa, obtidos laudos sanitários e ambientais que indicam não haver irradiação excessiva ou risco de contaminação pelos funcionários.    

 Jorge Machado, coordenador-geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, avaliou que a possibilidade de ter havido contaminação por minerais e seus possíveis riscos de exposição devem ser investigados pelos danos que podem ter causado e podem provocar em uma eventual reutilização de água contaminada na crise hídrica que afeta São Paulo.

Para o requerente da audiência, deputado Luiz Couto (PT/PB), a CDHM se coloca numa perspectiva de proteção da saúde do trabalhador e do ser humano. “Essa atuação é necessária para que as empresas tenham responsabilidade social e com o meio ambiente”, afirmou. Luiz Couto disse que vai apresentar requerimento para uma investigação na próxima reunião ordinária da Comissão e que pedirá o envio dos documentos apresentados pelas duas partes ao Ministério da Saúde.