Em diligência no Rio de Janeiro, CDHM acolhe denúncias de violações de Direitos Humanos e apura extermínio da juventude negra

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) realizou nos dias 6 e 7 de julho uma das três diligências previstas para apurar e levantar subsídios para um bom debate no Congresso Nacional sobre o extermínio da juventude negra, tema que atinge fortemente as grandes cidades, mas que está muito distante de ser prioridade nas discussões na Câmara.
10/07/2017 21h51

Leonardo Aragão / CDHM

Em diligência no Rio de Janeiro, CDHM acolhe denúncias de violações de Direitos Humanos e apura extermínio da juventude negra

A iniciativa da diligência partiu do presidente da CDHM, deputado Paulão (PT-AL), que liderou a comitiva ao lado da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e de Wadih Damous (PT-RJ). Um dos momentos mais marcantes da agenda foi a visita ao jovem Rafael Braga, único preso por acusações relativas às manifestações de junho de 2013. Rafael, em que pese todo o cenário opressor das prisões brasileiras, demonstrou muita tranquilidade ao narrar as injustiças das quais foi vítima ao longo da vida, inclusive uma condenação por supostamente utilizar uma garrafa de Pinho Sol para fabricar um coquetel Molotov, o que segundo seus advogados, foi comprovado não ser possível, uma vez que apenas com recipientes de vidro uma explosão pode se confirmar.

 

Na noite de quinta-feira, Paulão, Benedita e Wadih se reuniram com acadêmicos, estudiosos e especialistas na área da segurança pública e da violência contra o jovem negro, que apresentaram estudos e dados sobre a repressão policial e como ela tem contribuído para exterminar a juventude e provocar pânico nas comunidades, incluindo as crianças.

 

Estes dados foram comprovados, de forma empírica, nas agendas da sexta-feira, ao Complexo do Alemão, à Mangueira e ao Cantagalo, onde os parlamentares puderam ouvir relatos de familiares de vítimas, coordenadores de projetos sociais e lideranças comunitárias sobre o terror permanente das comunidades em ações arbitrárias da polícia e do predomínio do tráfico de drogas.

 

Os relatos e as sugestões de encaminhamentos feitas pela comunidade farão parte de um relatório em produção pela assessoria técnica da CDHM, que subsidiará a tomada de decisões pelo colegiado, bem como iniciativas individuais de parlamentares.