Comissão de Cultura destaca em audiência pública a importância da arte urbana e grafite

O debate prosseguiu com grandes nomes do grafite na cena cultural brasileira, no final foram produzidos quadros, que serão doados para casa
11/05/2017 17h55

Mirelle Bernardino

Nesta última quarta-feira (10/05/2017), a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados – CCult - promoveu uma Audiência Pública para debater a importância da arte urbana. O presidente da Comissão, Dep. Thiago Peixoto (PSD-GO), destacou a relevância do tema: “É uma cena que já tomou conta do nosso país. Essa Comissão entende que é muito importante o grafite”, comentou. Logo após a audiência, os artistas fizeram um ato simbólico de arte em quadros e sprays no gramado do Congresso Nacional.

O tema veio a êxito, após polêmicas ocorridas no início do ano na cidade de São Paulo/SP, quando relacionadas a acabou retirando dos muros da capital paulista vários painéis grafitados. Além de um recente acontecimento na reitoria da Universidade de Brasília (UnB).

O evento contou com os artistas urbanos Tomaz Viana, Rui Amaral, Binho Ribeiro, Eduardo Aiog e o professor Pedro Russi, da Universidade de Brasília (UnB). Durante o debate alguns artistas pontuaram a importância do grafite para os jovens da periferia, sendo instrumento de expressão e criatividade. “Minha maior preocupação, é o futuro dos jovens. Apagar o movimento e extrair a criatividade dos jovens”, pontuou Tomaz Viana.

O artista Rui Amaral, destacou que, mesmo com a marginalização da arte urbana, não se pode desconsiderá-la como conhecimento de uma cultura. “Uma das coisas mais legais da arte urbana é que ela pode ser aplicada como cultura. O grafite infelizmente é visto como pichação marginal”, declarou. Além de agregar cultura, segundo Rui Amaral, a arte é um objeto de inclusão social. “O grafite gera a confraternização, e passa a ser uma ferramenta de inclusão, que você abre a cabeça”, concluiu.

 

Legalização

Questionados sobre a legalização da prática no país, os artistas se manifestaram indagando uma distorção da expressão. “O grafite não é feito para gostar, ela não foi feita para ser legalizada senão a expressão acaba”, deduziu o artista Binho Ribeiro.

O convidado Eduardo Aiog, descreveu em que o que mais o motiva para a arte é a energia ligada a prática. “A arte trouxe a para sua cidade uma nova visão de cultura, por exemplo no Beco da Codorna, não só pintamos o local, mas nos estabelecemos e levando mais gente para um lugar que antes era inabitável por causa das drogas”, contou.

“Precisamos reinventar os lugares e as intervenções reinventam lugares. O que estamos apagando, quando se apaga algo, é a história, antes dela acabar”, afirmou o professor Pedro Russi, sobre a discussão.