Ministro pede que deputados verifiquem denúncias sobre assentamentos em MT

Neri Geller, Ministro da Agricultura, se disse injustiçado por denúncias anônimas em que é citado "de forma vaga". Ele também defendeu os irmãos presos preventivamente por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção em Mato Grosso.
03/12/2014 15h15

 

Reunião para esclarecimentos e debate sobre a decisão da pasta (Agricultura) em transferir para o LANAGRO/MG a tarefa de realizar as provas de controle de qualidade oficiais em vacinas contra a febre aftosa. (E) Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Neri Geller
Neri Geller (E): façam uma comissão, convoquem a PF, o Congresso tem que investigar.

O ministro da Agricultura, Neri Geller, pediu aos parlamentares que formem uma comissão para ir ao Mato Grosso verificar a condição de assentamentos e as denúncias de venda ilegal de lotes da reforma agrária. Apesar de ter sido citado por suposta participação no esquema, alvo da Operação Terra Prometida, da Polícia Federal, Geller repetiu várias vezes que não está sendo investigado.

“O Ministério Público e a Polícia Federal podem me investigar nesse caso. Agora, não é justo. São denúncias anônimas, eu fui citado de forma muito vaga. Posso ser investigado, mas não quero ser achincalhado e não vou ser. Eu não sou [corrupto]. Por isso, estou pedindo: façam uma comissão, convoquem a Polícia Federal (PF), vão lá ao assentamento. É importante, o Congresso tem que fazer isso. Não é justo, não é certo”, disse o ministro, em tom emocionado, em reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.

 Em relação ao pedido do ministro, o presidente da comissão, deputado Paulo Feijó (PP-RJ), disse que conversaria com os colegas. “Vamos conversar, muito embora o tempo seja hoje nosso adversário. Faltam praticamente duas semanas para o início do recesso”, observou.

Irmãos
O ministro também disse acreditar na inocência de seus irmãos Milton e Odair Geller, presos preventivamente na última sexta-feira (28) na operação da PF, suspeitos de participar do esquema. Segundo ele, Milton, que foi prefeito de Tapurah, mora em Nova Mutum, em apartamento alugado.

Sem citar nome, Neri Geller disse também que outro irmão seria sócio, junto com a esposa, do Grupo Geller, uma indústria de pré-moldados. Ele criticou o fato de o nome “Grupo Geller” estar sendo usado para denominar uma quadrilha.

“Eu, como ministro, saio na mídia como quadrilheiro, como líder de um grupo organizado. Afirmo categoricamente para cada um de vocês: eu nunca tive um lote. Tenho um irmão mais velho que mora no assentamento. Minha mãe tem uma casa humilde lá, são 11 irmãos. Orgulho-me da minha família.”

Solidariedade
Diversos deputados saíram em defesa do ministro, manifestando solidariedade. Os parlamentares disseram que a culpa pelo problema seria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que não legalizou terras que agora são utilizadas por produtores rurais.

O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) afirmou que, no Brasil, pelo menos 70% dos proprietários originais de lotes da reforma agrária já abandonaram a terra. “A culpa agora é desses brasileiros que estão lá e que pagam impostos? De repente, todos são presos porque estão dizendo que há um grande tráfico de influência, compra de terras ilegais. Ilegais por quê? Porque o Incra não legaliza. De repente, vira notícia nacional porque envolveu um sobrenome”, disse Leitão.

O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) ligou o fato à notícia da nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, no lugar de Geller. “Logo agora, quando surge o nome da futura ministra, é que colocam seu nome na revista. Não parece uma casualidade?”, questionou.

Neri Geller amenizou o comentário dizendo que Kátia Abreu é uma “liderança importante”, que apoia a presidente Dilma Rousseff. Quanto a si, disse que “nunca mendigou o cargo de ministro” e que chegou ao ministério por causa do seu trabalho. “Se fosse continuar, queria continuar dessa forma”, afirmou.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Newton Araújo

Da Agência Câmara Notícias