Recordações do escrivão Isaías Caminha

O Clube de Leitura de setembro vai debater o romance “Recordações do escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto. O mediador do debate será o servidor Roberto Seabra.
19/09/2018 13h15

O encontro acontece no dia 14 de setembro, sexta-feira, das 12h30 às 13h30, na Sala de Estudos e Acessibilidade nº 17 da Biblioteca Pedro Aleixo, Anexo 2 da Câmara dos Deputados.

Há 20 vagas, preferencialmente para colegas do quadro da Câmara dos Deputados. As inscrições estão abertas pelo e-mail . Mais informações pelo telefone 3216-5697.

Memórias

Há 110 anos Lima Barreto finalizava o romance Recordações do escrivão Isaías Caminha, mesmo ano em que morreram Machado de Assis e  Aluísio de Azevedo.

Gilberto Mendonça Teles escreveu sobre a coincidência, dizendo que Lima Barreto “vai operar uma fusão estilística entre a linguagem 'sublimada' de Machado de Assis e o 'baixo' coloquialismo de Aluísio de Azevedo, entre o apuro castiço do primeiro e a linguagem popular do segundo. De acordo, aliás, com o momento de transição de um pré-modernismo que vacilava entre o apolíneo de Coelho Neto e o dionisíaco de uma filosofia nacionalista, que evoluía da ingenuidade ufanista para o regionalismo crítico, prepara-se para o centenário da Independência e encontra-se no conto, mais do que no romance, a melhor forma de expressão da cor local e das misérias da vida interiorana”. Mas é no romance, novamente, que irá surgir uma nova luz na literatura brasileira. 

Ainda segundo o crítico, a escrita de Lima Barreto sempre esteve em favor dos oprimidos, dos humilhados, dos esquecidos pela sociedade. Recordações..., seu primeiro romance, é o mais biográfico de seus livros. Isso porque Lima Barreto foi, ele mesmo, um oprimido. Negro, pobre (na verdade uma família de classe média que perdeu tudo em razão da doença do pai) e que mais tarde sofreria de transtornos mentais sérios, tal qual o pai. 

Seu livro narra a história de um suposto amigo de Lima Barreto, Isaías Caminha, escrivão da Coleteria Federal de Caxambi, no Espirito Santo. Tudo invenção, claro. Lima Barreto conta a própria história e a de seu tempo. Por isso mesmo, foi bastante criticado à época. Livro “venosíssimo”, observou J. dos Santos no jornal A Notícia. Mas que também mereceu do grande crítico literário José Veríssimo o seguinte trecho: “Não me parece que no período aqui noticiado, houvesse a nossa ficção em prosa, particularmente a nossa novela, produzido nada mais interessante, como novidade, como esperança, como promessa que as Recordações do escrivão Isaías Caminha do novo escritor Sr. Lima Barreto, que com ela estreou.” 

Na opinião do mediador do Clube de Leitura, Roberto Seabra, "até as falhas do romance são sua força. O romance de estreia de Lima Barreto é o melhor retrato do Brasil do início do século 20, e que nos ajuda a entender, mais de um século depois, o nosso confuso século 21".